3/27/2011

Vendo a casinha abandonada De tanta saudade quase chorei


O tempo passou depressa
Fazendo sua modificação
A casa velha do meu sertão
Foi abrigo de boa conversa
hoje recordar me interessa
Nela minha infância passei
De tanta coisa boa lembrei
Da minha juventude passada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Vendo a pedra lá do batente
Lembrei do meu velho pai
Uma lembrança que não sai
A saudade machuca a gente
Com o tempo ficou diferente
Casinha onde feliz eu morei
Dentro dela ainda encontrei
Minha fotografia desbotada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

As cinzas no velho fogão
Do último fogaréu feito
A saudade evadia o peito
A casinha era só recordação
Dentro dela somente a solidão
Ocupava o lugar que ocupei
No meu velho pai eu pensei
Recordando sua antiga morada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Festa junina forró e cantoria
Era ali nossa maior diversão
Época das debulhas de feijão
A noite é somente de alegria
Café e bolo mamãe oferecia
Vendo o velho fogão lembrei
Com o passado me depararei
Ali não mudou quase nada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Vendo a casa onde eu nasci
Onde dei o meu primeiro passo
Meu peito quase em pedaço
Da forte emoção que eu senti
Tudo que naquela casa vivi
Do meu velho pai eu herdei
Meus pais sempre respeitei
A lembrança ficou gravada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Faltava o cachorro trigueiro
Meu companheiro tão fiel
Saudade amarga como fel
Do passado somente o roteiro
Dos caminhos por onde andei
Jamais da infância esquecerei
Minha história não é inventada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Antigamente tudo era atrasado
Em termos de tanta evolução
Quem morava lá pro sertão
Como um matuto era tratado
Fui um trabalhador do roçado
Que hoje outro rumo eu tomei
Foi na pintura que me dediquei
Nunca mais eu plantei nada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Minha plantação e na memória
A minha colheita são poesias
Nos meu poemas de nostalgias
Cada um tem a sua historia
Sendo de tristeza luta e gloria
Foram muitas que improvisei
Em cada história que imaginei
Tão logo foi ficando elaborada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Do meu sertão pra cidade
Há quanta diferença tem
No sertão ainda se vive bem
Com toda sua simplicidade
Riqueza não traz felicidade
Na sociedade isso observei
Com ela nunca  me enganei
Prefiro uma vida sossegada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Saudade ela não tem braços
Mais senti ela me apertando
Do passado fui lembrando
Vendo da casa seus espaços
Entre meus rabiscos e traços
Minha historia logo juntei
Em poesia tudo transformei
Pra em cordel ser contada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

O pé de amêndoa sombreando
A frente da minha velha casinha
Onde eu brincava toda tardinha
Sem perceber o tempo passando
Hoje relembro quase chorando
Vendo a amêndoa onde brinquei
O meu pai que tanto respeitei
Por ele a amendoeira era cuidada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Do carro de boi a roda somente
Uma recordação que me doeu
Do boi manhoso que morreu
Ainda me lembro perfeitamente
Aquela tarde de sol bem quente
Quando manhoso morto encontrei
Aquela cobra venenosa não achei
Mais por mim foi bem procurada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade eu chorei

Hoje estou morando na cidade
Mais não esqueci do meu sertão
Foi naquele pedacinho de chão
Que descobri toda simplicidade
Quando falo de uma saudade
Toda minha historia eu contei
Da minha origem não esquecerei
Faço da poesia a minha estrada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Em animal ninguém quer andar
De moto um vai e outro vem
O radio de banca lá não tem
DVD agora ocupa seu lugar
Parabólica e telefone celular
Nisso antes eu nunca pensei
Com o progresso me deparei
Lá no sertão a coisa ta mudada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Antigamente vitrola e gravador
Lamparina candeeiro e lampião
Luz de pirilampo na escuridão
Energia só de bateria ou motor
Hoje energia tv e ventilador
Tudo isso no sertão observei
Matuto também não encontrei
Quanta diferença programada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei

Oh serra de Santana querida
Adeus casinha abandonada
Ranchinho a beira da estrada
Começo de toda minha vida
Você jamais ficará esquecida
Hoje a sua história eu contei
Casinha onde nasci e me criei
Na minha mente ficará gravada
Vendo a casinha abandonada
De tanta saudade quase chorei...



                             Autor: asavesso artes!

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom muito bom mesmo. Acabei de fz uma execelnte higiene mental. Devo dz q devo isso a vc. Continue assim e os seus seguidores terão prazer em visitar seu blog.

Presidente Médici Online disse...

otimo; quem não tem uma boa lembrança da infancia daquelas casas de taipa,nas ruas sem asfalto onde crianças brincavam na areia sem pensar no amanha, pois a unica preocupação era brinca e ser feliz.

BLOG SÃO PAULO.